HISTORIAL 

O Núcleo de Etnografia e Folclore da Universidade do Porto (NEFUP) é uma associação cultural académica apoiada pela Reitoria da Universidade do Porto. Foi fundado em 1982 por um grupo de estudantes e licenciados da Universidade do Porto com o objetivo de recolher, estudar e divulgar a etnografia e o folclore portugueses. Os resultados desse trabalho de pesquisa são depois apresentados sob a forma de espetáculos em que a dança, os cantares e outras manifestações populares se combinam para reproduzir o mais fielmente possível aspetos temáticos marcantes da nossa cultura etnográfica.

Nos seus trinta e cinco anos de existência, o NEFUP recolheu um vasto e rico repertório relativo às diferentes regiões etnográficas do País, do Minho à Madeira e aos Açores. Este repertório inclui a música, as canções, as danças e múltiplas tradições.

Além das atuações por todo o País, o NEFUP divulgou também a cultura popular portuguesa no estrangeiro (Grécia, Espanha, Brasil, Macau, Reino Unido, Bélgica e Holanda), tendo, por duas vezes, obtido o primeiro lugar em dança tradicional no famoso Llangollen International Festival, no País de Gales.

Dedica-se ainda à divulgação etnográfica através da dinamização e participação em oficinas e outras atividades de índole cultural e recreativa.

VERDEGAR

Verdegar é o mais recente espetáculo do NEFUP, um coletivo com uma história de trinta e cinco anos de vida, de pesquisas e recolhas, viagens e partilhas. Mostrar e preservar a nossa cultura popular tradicional é o que queremos e gostamos de fazer.

Desta vez, mudámos o nosso método de pesquisa, mas mantivemos o mesmo objetivo. Não procurámos as tradições, mas as estórias. Centrámo-nos na região do Douro Verde e na primeira metade do século XX.

Verdegar nasce da memória: a individual e a coletiva, a documentada e a imaginada, a nossa e a dos outros. Verdegar reproduz estórias verdadeiras, recordadas e relatadas por quem viveu o trabalho, o amor e a festa, em condições difíceis e longe de tudo, apesar de ser curta a distância para a grande cidade.

No entanto, como quem conta um conto acrescenta um ponto, foram vários os fios que fomos entrelaçando numa teia de ficção e realidade: por um lado, as pessoas que ouvimos, entre os setenta e os cem anos, falaram-nos da sua meninice e juventude, mas também dos seus antepassados e das suas vivências, com o olhar toldado pela nostalgia e a clarividência dos muitos anos vividos; por outro, nós próprios fomos tecendo redes de conexão entre os seus relatos e aquilo que imaginávamos, nos tinha sido contado ou tínhamos lido e investigado.

Hesitações, dúvidas e incertezas percorreram a nossa escrita durante muitos meses, mas encontrámos a inspiração em Entre-os-Rios e Baião, em Amarante e Cinfães, Resende e Penafiel, ao passarmos o Douro em Castelo de Paiva, ao comermos o bazulaque de Baião e ao bebermos o verde macio destas encostas e vales. Procurámos os paus de lódão de Gestaçô e as melhores laranjas deste Douro, que juntámos aos bombos de Amarante, num toque de rigor e tradição, como sempre fazemos com a identidade do país que somos. O resultado é este Verdegar: uma leitura subjetiva e muito criativa de estórias de vida, que centrámos temporalmente na década de 40 do século passado, mas que se refere a mais de cem anos de vivências e tradições.

Escolhemos juntar em Verdegar as duas margens do rio, tantas vezes voltadas de costas uma para a outra: musicalmente, por cancioneiros valiosíssimos e quase desconhecidos, de Resende ao Marco de Canaveses; ao nível da dança, através da inclusão de algumas bem antigas, que ainda hoje surgem espontaneamente em qualquer baile da região, mas também daquelas que, pela década de 40, começavam a entrar em desuso, sendo até hoje perpetuadas apenas no contexto dos grupos folclóricos. Verdegar é a música e a dança, mas é também o estado de espírito de quem partilhou connosco, apaixonadamente, estórias da sua vida, do seu mundo, é um mundo que aconteceu e acontece, tão perto e longe da nossa vista.

Assumimos Verdegar como um palimpsesto de influências, fontes e vontades que é, à nossa maneira, uma homenagem sentida a quem connosco partilhou estórias de vida e, através deles, a várias gerações que viveram (vivem) e construíram (constroem), durante mais de um século, a paisagem humana da região do Douro Verde.

FICHA ARTÍSTICA 

Encenação

Armando Dourado

Dramaturgia e Guião

Armando Dourado, Helena Queirós e Luís Monteiro

Direção de Danças

Luís Monteiro

Direção Musical

Cláudia Monteiro

Arranjos Musicais

André Ruiz

Cenografia

Luís Monteiro

Desenho de Luz

Renato Marinho

Adereços

Conceição Aguiar

Trajes

Fátima Teixeira

Fotografia

Rui Correia, Luís Monteiro, José Silva e Adelino Geraço

Design

Adelino Geraço

Interpretação

Adelaide Soares

Adelino Geraço

Adriana Costa

Armanda Sousa

Belisanda Cavaleiro

Carmo Pacheco

Cláudia Monteiro

Conceição Aguiar

Daniela Castro

Fátima Teixeira

Fernando Fangueiro

Fernando Fernandes

Filomena Teixeira

Flor Coelho

Helena Queirós

Isabel Reis

João Dias

Mário Alçada

José Ferreira

José Fróis

José Gabriel

Luís Monteiro

Luís Pacheco

Luís Ramos

Manuel Reis

Manuel Sousa

Márcia Pinto

Márcia Santos

Margarida Luz

Maria José Rocha

Paula Silva

Rogério Pinto

Silvério Meireles

Teresa Ruiz

Vasco Ferreira

 

 

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